Por Manoel do Vale
Encerrou na última
quarta-feira, 5, a prestação de contas entre a Agência de Fomento do
Amapá (Afap) e os livreiros credenciados a expor e vender na Casa do
Artesão durante a Feira do Livro do Amapá (Flap) 2013.
Foram onze as empresas que tiveram produtos à venda no evento, sendo
dez locais e uma do Rio de Janeiro, a Off Flip Editora - responsável
pela edição de quatro dos onze livros selecionados no edital de criação
literária do Estado - , que movimentaram 173.815 Palavras durante os
sete dias de feira, o que equivale a 87% do total aportado pelo Governo
do Estado do Amapá para o vale-livro.
Segundo o presidente da Afap - empresa responsável pela criação e
engenharia de distribuição e controle da moeda literária -, Sávio Peres,
o percentual alcançado demonstra a eficácia das moedas sociais em
eventos de médio porte e em pequenas comunidades onde esse sistema é
empregado (no Brasil circulam mais de 120 moedas sociais).
"Tirando o aspecto estético e de homenagem da Palavra aos artistas
locais, nossa moeda literária teve grande aceitação por conta de ser
praticamente cem por cento à prova de fraude", declarou.
Sucesso de público
Na residência do governador Camilo Capiberibe, durante jantar
oferecido aos escritores selecionados no edital Simãozinho Sonhador,
editores, curadores de feiras e bienais do livro, poetas e escritores
vindos de outros estados para a Flap, a Palavra foi o grande destaque.
A escritora Suzana Vargas, curadora da Bienal do Livro de Salvador
(BA), observou o inusitado da ideia e parabenizou a iniciativa de
homenagear escritores locais em uma moeda literária.
"Foi uma grande sacada do governo de criar a moeda literária para
substituir o vale-livro", comentou Ovídio Poli Júnior, coordenador do
Selo Off Flip. Segundo o editor, que percorre as feiras e bienais de
livro do país, a ideia da moeda literária é inédita e provavelmente será
adotada por outras feiras.
Sucesso entre os profissionais da indústria editorial, poetas e
escritores consagrados nacionalmente, aqui a novidade agradou ainda mais
o público.
"Teve gente que, na hora de pagar os livros, preferiu usar o real ou
cartão e ficar com as Palavras", contou Tatiana Silva, subgerente das
Edições Paulinas em Macapá.
De acordo com Tatiana, foi grande o número de pessoas em todas as
livrarias que resolveram simplesmente ficar com suas Palavras como
recordação.
Segundo os técnicos da Afap, o apego às cédulas é um dos fatores que
explicam a sobra de 13% dos recursos investidos pelo governo no
vale-livro. Outro fator é a ausência comum das pessoas que, por um
motivo ou outro, deixaram de ir à feira e acabaram por não usar suas
Palavras.
"Veio muita gente aqui na loja querendo usar suas Palavras para
comprar livros. Mas infelizmente não podemos vender depois de terminada a
Flap", declarou a subgerente da Paulinas, que ficou em terceiro lugar
nas vendas de livros com as Palavras. Em segundo ficou a livraria
Didática e, em primeiro, a Acadêmica.
Quem não economizou Palavras foi o estudante de educação física
Moraes Júnior, que usou as cinquenta que ganhou para comprar dois livros
da grade de seu curso.
"Eu estava precisando muito desses livros, mas não tinha o dinheiro.
Então essas Palavras foram a minha salvação. Espero que no próximo ano
elas venham de novo", sugeriu o jovem, que, para pagar seu curso,
trabalha na segurança da Afap.
Estatísticas
As notas de 10 Palavras foram as mais utilizadas na Flap. 2.748
dessas cédulas circularam pela feira, contabilizando R$ 27.480. Na
sequência vem a cédula de 50 Palavras, com R$ 2.001,00, somando R$
100.050,00.
No ranking de maior circulação, a nota de 20 Palavras aparece em
terceiro, seguida pela de 1 e a de 5 Palavras, que, em reais,
contabilizaram R$ 37.260,00, R$ 1.585,00 e R$ 7.440,00, respectivamente.